Ao observar o mercado de trabalho no Brasil, notamos com facilidade a desigualdade de gênero. Para confirmar a percepção, de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu 17,9% no 1º trimestre de 2021, a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O levantamento realizado no mesmo período deste ano apontou 13,7% de mulheres sem ocupação e 9,1% de homens na mesma situação. As mulheres, infelizmente neste caso, seguem na dianteira.
A dificuldade em manter-se no mercado também se agrava após a maternidade. A Pesquisa Panorama Mulher 2019, realizada pelo Insper com 532 empresas com sede ou operações no Brasil, revelou que 52% das mães afirmaram terem passado por algum constrangimento no emprego durante a gravidez ou ao voltar da licença-maternidade. A pesquisa trouxe ainda que apenas 19% de mulheres ocupavam cargos de liderança nas empresas participantes, resultado atrelado a obstáculos no desenvolvimento profissional.
Uma mudança significativa na conduta das empresas para transpor barreiras históricas passa, claro, por oferecer vagas de emprego às mulheres, mas é preciso ir além. Para que elas conquistem espaços, precisam receber formação e capacitação. Para ocuparem cargos de gestão, precisam ter as mesmas oportunidades que seus colegas. E mais. A equidade de gênero nas empresas passa por um processo de transformação de cultura interna. Enfim, são vários os elementos na promoção da igualdade no universo corporativo.
No setor da construção civil os números começam a ser mais animadores. A pesquisa mais recente do Painel da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, mostra que o total de mulheres no setor cresceu 5,5% em 2020 – nos últimos anos, o crescimento da presença feminina na construção civil foi de 50%. Entre os motivos apontados para este aumento está o esforço de instituições e empresas que oferecem o conhecimento necessário para atividades ligadas ao segmento.
Na Atlas Schindler, parcerias com o SENAI e escolas técnicas capacitam mulheres para além dos escritórios. Esse tem sido o caminho para incrementar a presença feminina na área de manutenção de elevadores. E já colhemos frutos. Em 2021, houve um aumento de 62,1% no quadro de colaboradoras na função.
Considerando a equidade em contraste à meritocracia em todos os processos de contratação e promoção, já que as mulheres não partem do mesmo ponto que os homens por questões estruturais ou culturais, aumentamos em quase 20% nosso quadro de mulheres atuando em cargos de gestão. Já o número de colaboradoras em todas as áreas (operação e administrativo), teve um crescimento próximo dos 40%.
Promover ações afirmativas tem sido crucial para essa transformação que estamos promovendo. Grande vetor dessas transformações, nosso Comitê de Inclusão e Diversidade completou 5 anos com uma série de iniciativas para tornar a empresa cada vez mais plural. No pilar de gênero, trabalhamos ações que contemplam a participação indistinta de mulheres e envolvemos nossos colaboradores de todos os níveis. Dessa forma, quebramos barreiras internas e levamos esse movimento até nossos clientes que, cada dia mais, reconhecem a atuação das nossas profissionais, técnicas do Atendimento Avançado, ao cuidarem de seus elevadores. Iniciamos nossa jornada com ênfase no pilar de gênero, mas é pela interação com os demais pilares que aceleramos e sustentamos nossas ações.
A equidade salarial entre homens e mulheres na Atlas Schindler, garantida por ferramentas e metodologias para que todo o time seja remunerado de maneira competitiva e sem vieses – a operação brasileira tem uma das melhores avaliações de equidade salarial no Grupo Schindler; o recrutamento e seleção às cegas com currículos sem identificação de gênero e idade; e as mentorias para que as mulheres façam parte do pipeline de sucessão na empresa, ampliam a lista de ações que me orgulham. Além disso, fomos a primeira unidade do Grupo Schindler, com operações em mais de 100 países no mundo, a ser signatária dos "Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU", conjunto de diretrizes para auxiliar a comunidade empresarial a incorporar valores e práticas que visem equidade de gênero no mundo dos negócios.
Atrair talentos e garantir diversidade é um dos objetivos de sustentabilidade do Grupo Schindler. Uma das metas para o período de 2018-2022 é aumentar para 25% o número de mulheres no planejamento de sucessão em cargos de liderança e promover uma cultura de trabalho inclusiva em suas operações pelo mundo. A meta foi alcançada com sucesso em 2021, um ano antes do prazo final estabelecido.
O comprometimento com o empoderamento feminino no ambiente corporativo é fundamental para transformar o mercado de trabalho e observarmos no futuro um cenário desfrutado de forma mais igualitária por homens e mulheres.
Artigo publicado na edição 158 da revista Gestão RH
*Carlos Augusto Jr é Diretor de Pessoas e Comunicação da Atlas Schindler